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A gestão do armazém deveria ser confiada a uma pessoa só, ao encarregado do armazém. A responsabilidade das diferentes tarefas alistadas na secção seguinte deve ser claramente definida por escrito. Veja-se a secção 5.2.3.2. no referente à especificação de trabalho para o encarregado do armazém.
5.2.1 O trabalho do encarregado do armazém
O encarregado do armazém é responsável:
- da manutenção do armazém (pequenas reparações) e do material correspondente (material de fumigação, material de pulverização, etc.)
- da manipulação correcta e da armazenagem dos comestíveis e dos produtos para o combate de pragas
- da execução de medidas necessárias que permitem manter a qualidade dos produtos armazenados (medidas de higiene, aplicação de insecticidas, fumigação, combate dos roedores, arejamento controlado)
- do uso correcto dos produtos químicos e da segurança do pessoal
- de controlos regulares das instalações do armazém e do produto armazenado
- da contabilização correcta de todos os movimentos e de todas as actividades no armazém, inclusive fichas de lote
- da assistência e condução do pessoal sobre o qual ele tem autoridade
- da redacção regular de relatórios aos seus superiores.
5.2.2 Higiene de armazenagem
As medidas preventivas no referente à higiene de armazenagem são muito importantes para a manutenção da qualidade do produto armazenado e para evitar perdas. Pelo termo higiene de armazenagem, entende-se a utilização de todas as medidas técnicas possíveis com excepção da aplicação de produtos químicos. Uma higiene de armazenagem perfeita e a condição previa para uma armazenagem eficiente, sendo também a base de todas as outras medidas como o uso de insecticidas ou de fumigatórios.
Todas as medidas de higiene são muito simples, particularmente efectivas e baratas, e podem ser aplicadas em todos os armazéns.
Higiene requer conhecimento, atenção, diligência, controlo, responsabilidade e esmero da parte do responsável do armazém.
Alguns princípios básicos determinam o sucesso da armazenagem:
- Mantenha sempre limpo o armazém e os arredores do mesmo: a vassoura é o útil mais eficiente e mais económico no armazém!
- Cuide que os grãos sempre sejam armazenados num lugar seco e fresco!
- Mantenha sempre o armazém em boas condições!
5.2.3 Medidas para manter a qualidade do produto armazenado
5.2.3.1 Possibilidades de intervenção por parte do encarregado do armazém
Desde a entrega do produto até o fim do período de armazenagem, o encarregado do armazém deve tomar decisões e iniciar acções com o objectivo de manter o produto em boas condições.
5.2.3.2 Activitidades para prevenir as perdas durante a armazenagem
Atenção! Antes de armazenar o produto
- Verifique as condições de armazenagem utilizando a lista de controlo do armazém que figura na secção 5.2.5.4 e procure remediar os eventuais defeitos!
- Verifique que qualquer dano no armazém seja reparado (tecto: fugas; paredes e soalho: fissuras; portas: defeitos de hermeticidade; aberturas de arejamento: gazas e grades danificadas, vidros quebrados)!
- Limpe bem os chãos, as paredes, o tecto, as portas e as aberturas de arejamento!
- Limpe os arredores do armazém e retire restos de grãos, lixo, ninhos de pássaros, ervas e arbustos num raio de 5 m em redor do armazém para que as pragas não possam se desenvolver!
- Junte o lixo num recipiente (p.ex. antigo tambor de óleo)! Queime o lixo combustivel imediatamente e enterre o material não combustível!
- Repare as paletas danificadas (cuide dos pregos sobressalentes)!
- Se for necessário, trate com insecticida de contacto o armazém e todas as paletas (veja-se capítulo 8)!
- Elabore um plano de ocupação para cada armazém!
Atenção! Antes de aceitar a entrega:
- Efectue um controlo de qualidade! Tome amostras representativas seguindo as instruções da secção 5.2.4.3!
- Verifique o cheiro e a aparência do produto entregado!
- Mida o teor em humidade do produto de diferentes sacos do mesmo veículo (veja-se secção 5.2.4.3)!
No caso que o teor em humidade seja demasiado alto, cuide de efectuar uma secagem ou recuse o produto!
- Verifique a possibilidade de uma infestação tomando amostras (veja-se secção 5.2.4.3)! Cuide especialmente de verificar fendas ou fissuras no veículo aonde poderiam se encontrar esconderijos de insectos!
No caso de que o produto estaja infestado, cuide de armazenar o mesmo separadamente (quarentena) e de que seja tratado de maneira a prevenir a infestação com pragas do produto ainda não contaminado. No caso de uma infestação grave, recuse o fomecimento!
- Verifique a quota de impurezas no produto!
No caso de que a quota de impurezas seja demasiado alta com respeito as normas, cuide de que o produto seja limpado ou recuse o fornecimento!
Atenção! Durante a armazenagem:
- Evite o contacto entre o produto infestado e o não infestado!
- Trate os sacos com cuidado para evitar danos! Não utilize ganchos!
- Cuide que os sacos danificados sejam substituidos e/ou reparados!
- Cuide que os sacos sejam empilhados correctamente e de maneira segura sobre as paletas (veja-se secção 5.2.4.1)!
Atenção! Durante o período de armazenagem:
Diariamente:
- Varra o chão do armazém! Preste particular atenção às esquinas e aos cantos aonde podem se concentrar sujidades e pragas!
- Limpe as paredes, as aberturas de arejamento inclusive as gazas, as grades e as pilhas de sacos!
- Varra as vigas do tecto, os insectos podem se esconder e sobreviver la!
- Limpe os úteis depois do uso para evitar que restos de grãos fiquem escondidos em lugares inacessiveis!
- Elimine imediatamente o lixo resultante da limpeza, queimando ou enterrando o mesmo!
- Verifique a existência de danos e efectúe imediatamente as reparações correspondentes!
- Verifique a presença de insectos volantes ou rasteiros!
- Verifique a existência de rastos de roedores ou pássaros!
- Efectúe um arejamento controlado (veja-se secção 5.2.4.2)!
- Cuide que a contibilidade seja sempre actualizada!
Semanalmente:
- Tome amostras de cada lote e verifique:
- o teor em humidade do produto
- a presença de pragas no produto armazenado passando as amostras por um crivo!- Verifique a temperatura do produto armazenado nas pilhas de sacos por meio de um termômetro para grãos!
Mensalmente:
- Limpe os arredores do armazém e retire as ervas!
- Realize um relatório mensal e envie o mesmo aos seus superiores!
Princípios gerais de armazenagem
- Aceite somente fornecimentos de produtos suficientemente secos, não infestados e bem limpos!
- Para produtos alimentícios: Cuide de efectuar uma rotação do produto de acordo ao principio "o primeiro que entrou - sai primeiro" para evitar que o produto fique armazenado demasiado tempo!
- Para sementes:
Retire lotes que tenham uma quota de capacidade de germinação abaixo da prescrita e utilize os mesmos para outro fim!
Se a faculdade de germinação é conforme a norma prescrita, entregue primeiro o lote com a menor faculdade de germinação! Quanto mais alta for a faculdade de germinação de um lote, mais tempo pode ser armazenado como semente.
- Elimine imediatemente todos os restos de tratamento (restos da limpeza das sementes)! Se estes restos devem ficar provisoriamente no armazém, devem ser tratados como os outros produtos armazenados. Caso contrário, eles podem significar um foco constante de infestação.
- Empilhe os sacos vazios sobre paletas a uma distancia de 1 m da parede. Fumigue os sacos vazios depois da sua utilização!
- Empilhe devidamente as paletas não utilizadas e trate as mesmas com insecticida de contacto antes e depois de cada utilização!
OBRIGAÇÕES DO ENCARREGADO DE ARMAZÉM
LUGAR:
ENCARREGADO:
ASSINATURA:
- Armazene os úteis e os produtos químicos separadamente!
- Retire todos os trastes dos armazéns!
Uma especificação de trabalho, representada por exemplo num quadro tipo poster, no escritório do encarregado do armazém, pode servir de lembrança continua das suas tarefas e obrigações. Este quadro assinado por ele mesmo é a prova da toma de conhecimento das responsabilidades.
5.2.4 Técnicas de armazenagem
5.2.4.1 Empilhamento de sacos
- Paletas
Empilhe os sacos sobre paletas! Coloque as paletas de maneira a permitir a passagem livre de uma corrente de ar por baixo da pilha!
As paletas deveriam ter uma altura de 10 cm para possibilitar um arejamento suficiente. Além disso, pode-se detectar assim mais facilmente uma possível infestação com roedores. A ilustração seguinte mostra um modelo com três travessas de base e tábuas para a parte superior de uma espessura de pelo menos 2.5 cm.
A superfície das tábuas de apoio não deve ser inferior a aprox. 40% da superfície total da paleta, para evitar que a parte inferior dos sacos seja danificada pela pressão dos outros sacos.
- Empilhamento dos sacos
A finalidade de um empilhamento de sacos é a de construir pilhas estáveis que não possam desmoronar-se. Na pratica, é conveniente dispor os sacos emunidades de três ou de cinco, dependendo dos seus tamanhos, sendo essencial a sobreposição dos sacos em diferentes camadas.
Deve-se prestar atenção aos seguintes pontos:
- Começar exactamente no bordo da paleta:
- O lado do saco com as orelhas (lado da costura) deveria ser colocado em direcção ao interior da pilha para evitar perdas de grãos.
- Empilhe as camadas inferiores deixando mais espaço livre entre os sacos que nas camadas superiores para obter uma leve forma cónica da pilha, oferecendo assim mais estabilidade.
- Para cada camada, deve-se começar dos quatro lados trabalhando em direcção ao centro da pilha. Os espaços livres que podem resultar assim no centro das camadas superiores não afectam a estabilidade da pilha.
- Tamanho das pilhas
Por razões de estabilidade, não deveriam ser empilhados sacos de juta numa altura maior de 4 m e sacos de plástico só até 3 m! Os sacos de plástico são mais escorregadiços e as pilhas menos estáveis.
Ao determinar o tamanho das pilhas, deve-se considerar a capacidade do armazém, da relação entre o comprimento, a largura e a altura, a posição das portas e o tamanho das lonas de fumigação disponíveis! Determine o tamanho das pilhas de maneira a facilitar a cobertura com só uma lona de fumigação! As pilhas demasiado grandes são difíceis de controlar e com as pequenas perde-se espaço. Não ultrapasse tamanhos de pilhas de aproximadamente 250 t!
Deixe um espaço livre entre as pilhas e o tecto de pelo menos 1,5 m para poder proceder a cada momento a controlos ou para tomar medidas de tratamento.
É necessário determinar tamanhos estandardizados para as pilhas, válidos para todos os armazéns. As vantagens são as seguintes:
- Permite o aproveitamento óptimo do espaço disponível.
- Permite a estandardização dos procedimentos de tratamentos e fumigação e tudo o referente à toma de amostras.
- Simplifica os controlos.
- Permite a compra de lonas de fumigação de tamanho apropriado.
- Posicionamento das pilhas
Todas as pilhas de sacos devem ficar acessíveis em qualquer tempo para permitr controlos, tratamentos de superfície e fumigação. Deixe um espaço livre entre as pilhas e a parede de pelo menos 1 m!
Marque a posição das pilhas traçando uma linha sobre o soalho do armazém (desenho (a) na ilustração seguinte)! Se os tamanos das pilhas não são conhecidos, deve-se traçar sobre todo o soalho uma linha a uma distancia de 1 m da parede (b)!
Realize um plano antes da armazenagem!
- Marcação das pilhas
Os trabalhos relacionados com a contabilidade e com as tarefas rotineiras são muito mais fáceis se as pilhas individuais vem marcadas com números ou letras para uma melhor identificação. Estas marcações podem ser efectuadas nas paredes, no soalho ou nos pilares do tecto. O importante é que sejam sempre visíveis. Deveriam figurar também sobre a ficha de pilha.
- Ficha de pilha
Coloque uma ficha sobre cada pilha de sacos num lugar bem visível com todas as informações mais importantes. Todos os controlos e os tratamentos efectuados deveriam também ser indicados na ficha. Na secção sobre a contabilidade (5.2.4.4) encontra-se um modelo de ficha.
Resumo sobre o empilhamento de sacos:
- Existe um espaço de 1 m entre as pilhas e a parede.
- As pilhas se encontram sobre paletas.
- As paletas vem dispostas de tal maneira que permitem a passagem
de uma corrente de ar entre as pilhas.
- Os sacos vem empilhados em unidades de três.
- Os sacos têm contacto com a parede.
- Os sacos estão sobre o soalho.
- Um arejamento dos sacos não épossível.
- O empilhamento dos sacos éirregular.
Consequências:
- A pilha fica livre de roedores. | - A pilha é um refúgio ideal para roedores. |
- A pilha é bem arejada. | - Não existem possibilidades de arejamento. |
- A pilha é estável. | - As pilhas podem desmoronar-se. |
- A pilha pode ser controlada, tratada e fumigada em qualquer tempo. | - A pilha não pode ser controlada, tratada ou fumigada. |
5.2.4.2 Arejamento controlado
O arejamento controlado exerce uma influência positiva sobre o teor em humidade do produto armazenado e sobre a temperatura dentro do armazém.
O produto armazenado pode ser re-humedecido por meio de ar húmido ou pode secar com ar seco até alcançar a importante taxa de humidade de equlíbrio (veja-se secção 2.2.4). Isto significa que a abertura de arejamento deveria ficar fechada quando a humidade relativa é alta, e deveria ser aberta quando a humidade relativa é baixa.
Uma secagem do produto armazenado só é possível se este método for aplicado de forma continua, devido a que o intercâmbio de humidade no produto empilhado se efectua relativamente devagar.
A taxa de humidade de equilíbrio do produto armazenado não depende somente da humidade relativa do ar ambiente, mas também da temperatura, a qual tem influência sobre a capacidade de absorver água. Não obstante, as modificações que ocorrem na taxa de humidade de equilíbrio são mínimas ao existir uma temperatura de aprox. 10°C, de maneira que podem ser adoptadas simplificações na prática.
Por essa razão, os dois quadros a seguir contém valores médios para temperaturas entre 20 - 30°C e entre 30 - 40°C. Estes valores foram calculados na base de diferentes publicações. As taxas de humidade de equilíbrio indicadas devem ser consideradas como valores de referência. Utilizando estes quadros, e com a ajuda de um termómetro, de um higrómetro (ou um termohigrómetro) e de um aparelho para medir a taxa de humidade, pode-se determinar a conveniência da utilização do arejamento.
Quadros das taxas de humidade de equilíbrio
· Taxas de humidade de equilíbrio de uma selecção de produtos a temperaturas entre 20 e 30°C (em %)
Produto | Taxa de humidade de equilíbrio para uma humidade relativa do ar de: | |||||
40% | 50% | 60% | 70% | 80% | 90% | |
Milho branco | 9.3 | 10.6 | 12.1 | 13.8 | 16.1 | 19.6 |
Milho amarelo | 8.4 | 9.7 | 11.3 | 13.1 | 15.5 | 19.2 |
Sorgo | 9.8 | 11.0 | 12.1 | 13.8 | 15.8 | 18.9 |
Trigo | 10.0 | 11.1 | 12.7 | 14.2 | 16.4 | 20.3 |
Arroz cru | 9.2 | 10.4 | 11.6 | 13.0 | 14.8 | 17.6 |
Arroz | 9.0 | 10.4 | 11.7 | 13.0 | 14.6 | 16.7 |
Amendoim | 5.4 | 6.8 | 7.7 | 9.1 | 11.6 | 16.0 |
· Taxas de humidade de equilíbrio de uma selecção de produtos a temperaturas entre 30 e 40°C (em %)
Produto | Taxa de humidade de equilíbrio para uma humidade relativa do ar de: | |||||
40% | 50% | 60% | 70% | 80% | 90% | |
Milho amarelo | 9.0 | 9.9 | 11.7 | 13.3 | 14.9 | 18.2 |
Sorgo | 10.0 | 11.6 | 12.1 | 13.0 | 14.7 | |
Trigo | 11.8 | 12.9 | 14.7 | |||
Arroz cru | 10.1 | 11.4 | 12.6 | 13.5 | 14.9 | 19.1 |
Arroz | 11.1 | 12.7 | 14.5 | 16.8 |
Forma de proceder:
1. Medir a humidade relativa e a temperatura do ar exterior com a ajuda de um termómetro e de um higrómetro! Os dois instrumentos devem estar fixados no exterior e protegidos da chuva e dos raios de sol directos.
2. Medir o teor em humidade do produto armazenado utilizando um aparelho de medição da humidade!
3. Determinar a taxa de humidade de equilíbrio do produto armazenado em relação à humidade relativa determinada:
- Escolher o quadro apropriado tomando como base a temperatura medida!
- Encontrar o ponto de intersecção entre a linha que representa o produto que se encontra no armazém e a coluna da humidade relativa medida!
4. Comparar o teor em humidade medido com a taxa de humidade de equilíbrio determinada com este método!
- Ventilar se o teor em humidade do produto armazenado é mais alto do que a taxa de humidade de equilíbrio indicada no quadro! Consequentemente vai ocorrer uma secagem.
- Feche as chapeletas de arejamento se o teor em humidade do produto armazenado é mais baixo do que a taxa de humidade de equilíbrio indicada no quadro! Caso contrário, o produto vai ser re-humedecido.
Exemplo 1:
- temperatura exterior: | 27°C |
- humidade relativa do ar exterior: | 60% |
- teor em humidade do sorgo armazenado: | 13.5% |
Neste caso, deve-se utilizar o quadro no qual figuram as temperaturas entre 20 e 30°C. A taxa de humidade de equilíbrio para sorgo é de 12.1% no caso de uma humidade relativa de 60%. O teor em humidade actual de 13.5% émais alto do que a taxa de humidade de equilíbrio.
Consequentemente: Ventile!
Exemplo 2:
- temperatura exterior: | 34°C |
- humidade relativa do ar exterior: | 80% |
- teor em humidade do trigo armazenado: | 13% |
Neste caso, deve-se utilizar o quadro no qual figuram as temperaturas entre 30 e 40°C. A taxa de humidade de equilíbrio para trigo é de 14.8% no caso de uma humidade relativa de 80%. O teor em humidade actual de 13.0% é mais baixo do que a taxa de humidade de equilíbrio.
Consequentemente: Deixe fechadas as chapeletas de arejamento!
Um arejamento controlado é indispensável quando o teor em humidade do grão armazenado chegar perto do valor máximo permissível para uma armazenagem a longo prazo (veja-se secção 2.2.6). Isto é geralmente o caso em regiões húmidas e muitas vezes também em regiões áridas quando se trata de grãos importados.
Quando o teor em humidade se encontra bem por baixo do valor máximo, o qual é geralmente o caso com o grão local em regiões áridas, deve-se efectuar arejamento só no caso de haver condensação no armazém ou se a temperatura é muito alta.
No caso de não se encontrar à disposição termómetros e higrómetros, devem ser aplicadas as regras seguintes:
· Ventile o armazém só durante o dia, utilizando as horas de sol, ou seja o momento no qual a humidade relativa alcançou o valor mais baixo! Isto é o caso entre as 11 da manhã e as 3 da tarde, ou mais tarde ainda em regiões secas.
· No caso de chuva, feche o armazém por várias horas ou o dia inteiro que segue à chuvada.
5.2.4.3 Supervisão, tiragem de amostras e controlo de qualidade
A supervisão é um processo constante de controlo com o fim de manter a qualidade do produto armazenado. Não é suficiente efectuar uma breve inspecção visual, bem ao contrário, o mais importante é a busca sistemática de possíveis fontes de danos. No caso de detectar essas fontes, devem ser tomadas as medidas correspondentes (veja-se secção 3.3) e deve-se verificar o êxito das mesmas.
A supervisão compreende uma inspecção regular do armazém ao igual que tiragens de amostras continuas do produto armazenado.
Inspecção do armazém
Inspeccione diariamente o armazém!
- Danos no armazém
Perdas qualitativas ao nível do produto armazenado são causadas frequentemente por danos existentes no armazém.
Preste atenção particularmente aos eventuais danos no telhado, nas ligações entre o telhado e as paredes. Observe possíveis fissuras e buracos nas paredes e no soalho, danos nas portas, nas janelas, nas aberturas de arejamento e nas gazes ou grades de protecção das mesmas! Tome medidas imediatas ao verificar danos nas paredes, no soalho ou furos no telhado!
Cuide de um bom funcionamento do sistema de drenagem da água de chuva e das goteiras!
- Presença de roedores e pássaros
Os roedores revelam a sua presença no armazém deixando vários rastos. Preste atenção particularmente a excrementos, pegadas na poeira, buracos nos sacos, grãos derramados, material danificado e restos de grãos (veja-se capitulo 11)!
Pássaros também deixam excrementos, pegadas e danos nos sacos.
- Presença de pragas
Procure detectar a presença de pragas na hora do crepúsculo. E nesse momento que os insectos têm uma fase activa e que eles podem ser detectados mais facilmente!
As traças são reconhecíveis só quando a densidade da população tomou-se considerável.
As trapas com feromones ou as iscas com substâncias alimentícias podem ser muito úteis para a identificação de populações no armazém (veja-se secção 10.2). Existem trapas sob a base de feromones para detectar as espécies mais importantes de traças e coleópteros das espécies Trogoderma granarium, Tribolium spp., Rhizopertha dominica e Prostephanus truncatus (veja-se secção 10.2).
As iscas são menos especificas na sua função de supervisão de infestação (veja-se secção 10.2)!
Passe com uma vassoura ou com um bastão por cima das pilhas de sacos para molestar e descobrir as traças que estão repousando! Levante os sacos para poder detectar possíveis casulos ao longo da linha de contacto entre os sacos.
Ao procurar coleópteros, deve-se prestar atenção particular às fissuras, às costuras e às orelhas dos sacos, lugares propícios para se esconder!
Esvazie sacos individuais formando camadas delgadas sobre uma folha e examine o conteúdo à procura de cleópteros e larvas! Isto deveria ser efectuado na sombra para evitar que os insectos possam fugir imediatamente. Não obstante, é mais efectivo de crivar os insectos utilizando um crivo de caixa com malhas de 1 a 2 mm.
Uma infestação mais importante pode ser notada devido a uma elevação da temperatura do produto armazenado como consequência da actividade metabólica dos insectos, ou em alguns casos até devido a um cheiro característico (p.ex. Tribolium spp.). No caso de uma infestação muito grave, podem-se ouvir os ruidos produzidos pela mastigação dentro das pilhas.
Identifique os insectos detectados para poder tomar as medidas de combate adequadas.
- Mofo
Faça atenção ao cheiro característico do mofo, reconhecível antes das alterações visíveis no caso de uma infestação dos produtos com fungos!
- Danos causados pela humidade
Faça atenção às marcas de água deixadas nos sacos e que são reconhecíveis ainda depois dos sacos estar secos!
Tomada de amostras
O método mais seguro para detectar danos ocasionados pela humidade ou pela infestação por pragas ou fungos, é o exame do próprio produto armazenado. Para isso, é essencial tomar amostras do mesmo. O método de tomada de amostra descrito a seguir serve para o uso durante os controlos rotineiros:
· para detectar possíveis infestações de pragas
· para determinar o teor em humidade
· para detectar outras alterações ocorridas no produto armazenado.
Os controlos deveriam ser efectuados regularmente pelo encarregado do armazém durante o período de armazenagem. Estes controlos não afectam em nada a obrigação de efectuar exames de amostras no laboratório, p.ex. no caso das sementes.
Tome amostras de cada lote num ritmo semanal ou quinzenal! Realize um plano de tomadas regulares.
Sonda de amostras
As amostras são tomadas por meio de uma sonda de amostras, das quais existem dois tipos:
· Sonda de amostra para sacos
A sonda vai até o centro do saco e é fácil e rápido na manipulação:
Introduza a sonda de amostras no saco em diagonal por baixo (1), vire a mesma dentro do saco para que o produto possa cair na abertura e passar ao recipiente (2). Retire a sonda (3) e feche o buraco com a sua ponta (4).
O diâmetro certo de uma sonda de amostras para sacos depende do tipo de produto do qual deve ser tomada uma amostra. Os valores de diâmetro aproximativos são os seguintes:
- para sementes pequenas: | 12 mm |
- para cereais: | 15 mm |
- para leguminosas de grão: | 20 mm |
- para produtos grossos: | 25 mm |
· Sonda de amostras para grãos
Esta sonda é mais comprida do que a sonda utilizada para tirar amostras de sacos e ela pode atravessar todo um saco. Por outro lado, a sua utilização émais complicada e mais lenta. A sonda de tirar amostras de grãos consiste em duas partes; um tubo exterior e um interior. Ao virar o tubo interior, abre e fecha-se a sonda de tirar amostras.
Existem sondas para grãos totalmente ocas ou com secções intermediárias. Estas ultimas possibilitam um exame do produto camada por camada. Existem diferentes tamanhos de sondas para grãos. As maiores são geralmente utilizadas para tirar amostras do produto a granel.
Utilização das sondas de amostras para grãos:
Perfure o saco com a sonda de amostras em posição fechada. Vire o tubo interior para abrir e encher a sonda. Volte a fechar virando o tubo interior, agitando a sonda ao mesmo tempo para evitar de quebrar os grãos! Retire a sonda de amostras e esvazie a mesma num recipiente ou sobre urna folha!
Amostras representativas
Uma amostra individual consiste somente numa pequena porção do total de grãos contidos no lote. Por isso, deve-se efectuar a tomada de amostras de acordo a determinadas regras e com muito cuidado para poder obter urna amostra representativa para toda a pilha.
Para garantir isto
- devem ser tomadas amostras primárias suficientes
- os pontos escolhidos para tirar as amostras devem se encontrar distribuidos no lote inteiro
- as amostras primarias são juntadas para formar uma amostra mista (excepto as amostras que servem para determinar a presença de humidade!)
- A amostra mista é transformada em amostra standard, a qual será analisada então cuidadosamente.
Os três tipos de amostras utilizados neste procedimento podem ser definidos da forma seguinte:
· Amostra primária
A amostra primária é uma amostra unitária tirada de um saco com um volume aproximativo de 100 ml. Para poder obter uma amostra representativa para toda a pilha devem ser tomadas amostras primárias suficientes de acordo às regras mencionadas mais abaixo.
· Amostra composta
A amostra composta consiste na mistura das amostras primárias e deveria ter um volume mínimo de 2 l.
· Amostra standard
A amostra standard tem um volume de exactamente 1 l de grãos. Esta quantidade pode ser obtida reduzindo a amostra composta a um volume de 1 l com a ajuda de um separador de amostras. A amostra standard é a unidade de base para a analise de infestação com pragas.
· Quantidade de amostras primárias
A quantidade mínima de amostras primárias depende do tamanho das pilhas de sacos. Proporcionalmente, devem ser tomadas mais amostras das pilhas pequenas que das grandes devido a que no caso das pilhas pequenas encontram-se mais sacos no lado exterior, ou seja mais expostos a riscos de infestações por pragas. A quantidade de amostras primarias depende somente da quantidade de sacos, independentemente do peso.
Existem diferentes sistemas para determinar a quantidade de amostras primarias necessárias para obter uma amostra representativa. O sistema seguinte é fácil de aplicar:
Quantidade de sacos | Quantidade de amostras primárias requeridas |
até 10 | uma amostra por saco |
de 11 a 100 | 10 sacos* |
de 100 a 10.000 | |
mais de 10.000 |
* se o grão é muito heterogéneo, a quantidade de amostras deve ser aumentada.
Os responsáveis de armazéns que não estão familiarizados com o cálculo de raizes quadradas e que não dispoem de uma calculadora, podem também proceder de acordo ao quadro seguinte:
Quantidade mínima de amostras primárias em pilhas com grande quantidade de sacos
Sacos | Amostras | Sacos | Amostras | Sacos | Amostras |
50 - 100 | 10 | 800 - 900 | 30 | 2 500 - 3 000 | 55 |
100 - 150 | 12 | 900 - 1 000 | 32 | 3 000 - 3 500 | 59 |
150 - 200 | 14 | 3 500 - 4 000 | 63 | ||
200 - 250 | 16 | 1 000 - 1 200 | 35 | 4 000 - 4 500 | 67 |
250 - 300 | 18 | 1 200 - 1 400 | 37 | 4 500 - 5 000 | 71 |
300 - 400 | 20 | 1 400 - 1 600 | 40 | 5 000 - 6 000 | 77 |
400 - 500 | 22 | 1 600 - 1 800 | 42 | 6000 - 7 000 | 83 |
500 - 600 | 24 | 1 800 - 2 000 | 45 | 7 000 - 8 000 | 89 |
600 - 700 | 26 | 8 000 - 9 000 | 95 | ||
700 - 800 | 28 | 2 000 - 2 500 | 50 | 9 000 - 10 000 | 100 |
No momento da entrega do produto, deveriam ser tomadas amostras primárias de cada segundo saco do veículo.
· Distribuição dos pontos de tiragem de amostras
Os pontos de tiragem de amostras devem estar bem repartidos sobre a totalidade da superficie das pilhas. Isto significa que as superfícies comparativamente grandes devem ter mais pontos de tiragem de amostras que as pequenas. Se a superfície total das pilhas é de 120 m², por exemplo, e se um dos lados tem uma superfície de 40 m², deverá ocorrer 1/3 das tiragens de amostras nesse lado. Consequentemente, num lado com uma superfície de 24 m², deverão ser tomadas 1/5 das amostras.
Um encarregado de armazém com experiência vai estar em condições de estimar a distribuição aproximada sem calcular os tamanhos de cada superfície. A ilustração seguinte dá uma ideia da distribuição dos pontos de tiragem de amostras nas superfícies individuais de uma pilha:
Cuide que os pontos de tiragem de amostras não se encontrem concentrados nos bordos.
Resulta avantajoso dispor de tamanhos de pilhas estandardizados no armazém para facilitar os trabalhos rotineiros como a determinação da quantidade de pontos de tiragem de amostras ou o cálculo das doses para os tratamentos contra as pragas que atacam os produtos armazenados.