Sumàrio - Precedente - Siguiente
Utilizam-se principalmente dois produtos de fumigação para combater as pragas
A fosfina (PH3) e o brometo de metilo (CH3Br).
Além disso, utiliza-se o ácido cianídrico (HCN), especialmente para a fumigação de moinhos.
Nos últimos anos, são cada vez mais as objecções com respeito à utilização de produtos de fumigação. Sobretudo no referente a utilização do brometo de metilo, mas também à da fosfina. Os problemas estão principalmente relacionados com os efeitos nocivos sobre o ambiente, com a possibilidade destes produtos serem cancerígenos e com o aumento da resistência desenvolvida pelas pragas.
O brometo de metilo é uma substância que contribui substancialmente àdestruição da camada de ozono da atmosfera. É por isso que estão sendo tomadas as medidas de substituição indicadas na secção 9.2.2. Em alguns países, o brometo de metilo e considerado como sendo um produto sobre o qual existem "suspeitas razoáveis" de que seja cancerígeno para o ser humano.
Com respeito à fosfina, o problema maior é a crescente resistência desenvolvida pelas pragas, especialmente no subcontinente indico. A resistência é a consequência de praticas erradas na fumigação, particularmente de defeitos na estanqueidade. Isto restringe consideravelmente as possibilidades de aplicação da fosfina.
São muito escassas as alternativas para substituir a fosfina e o brometo de metilo. O sulfureto de carbonila (COS) parece ser uma alternativa prometedora para substituir o brometo de metilo. Este gás, de aparição natural, pode controlar todas as fases de desenvolvimento das pragas que aparecem nos produtos armazenados, sendo Rhyzopertha dominica a mais fácil de controlar entre as espécies de coleópteros, e Sitophilus oryzae a mais difícil. Numa concentração de 25 mg/l e uma duração de exposição de 24 horas, este gás mata a maioria das espécies que aparecem nos armazéns. A sua inflamabilidade éparecida à do brometo de metilo e à da fosfina e ele tem a reputação de ser mais seguro para o ambiente que os outros dois gases. Devido a sua boa apropriação, o sulfureto de carbonila foi patenteado na Austrália para o emprego na fumigação.
Com respeito à fosfina, é possível que novos métodos de aplicação possam contribuir à redução das quantidades necessárias para o tratamento e a optimização dos resultados. Entre as tecnologias desenvolvidas, esperam-se bons resultados das misturas com CO2, das combinações com calor ou do sistema de circulação constante, o qual melhora a difusão do gás. Considerando o nível de tecnologia necessário, estes métodos não são aplicáveis pelo momento nos países subdesenvolvidos.
9.2.1 Fosfina
9.2.1.1 Propriedades
- Muito boa faculdade de penetração no produto armazenado. A fosfina pode penetrar até muros de blocos.
- A difusão é muito boa em lugares fechados.
- Dispersão rápida durante o período de arejamento que segue à fumigação.
- A fosfina geralmente não tem um efeito negativo sobre a faculdade de germinação.
- Depois do arejamento, não ficam resíduos de gases.
- Ela tem um cheiro parecido ao dos carburetos ou ao do alho, o que serve de advertência. Não obstante, este cheiro nem sempre é reconhecível pelas pessoas acostumadas a tratar com fosfina ou depois de passar pela alvenaria. É por isso que os produtos comerciais largam um cheiro pungente de amónio para servir de gás de advertência.
- A fosfina age de forma relativamente lenta.
- Ela é auto-inflamável no caso de se encontrar no ar numa concentração maior de 1.8% vol.
- Ela oxida o cobre, p.ex. os cabos eléctricos e as conexões.
9.2.1.2 Toxicidade da fosfina
- A fosfina é efectiva em todos os estádios de desenvolvimento dos insectos (ovo, larva, crisálida, adulto).
- A fosfina é altamente tóxica para os animais de sangue quente, consequentemente também muito perigosa para os seres humanos.
- Não são conhecidos casos de envenenamento crónico como consequência da ingestão repetida de doses sub-letais.
9.2.1.3 Formulações e embalagens
A fosfina e oferecida de duas formas, como fosfuro de alumínio (AIP) e como fosfuro de magnésio (Mg3P2). O fosfuro de magnésio libera mais fosfina e de maneira mais rápida a temperaturas abaixo de 20°C que o fosfuro de alumínio. Devido ao facto que ele não gera amónio - o qual pode influenciar o gosto dos produtos com um alto teor em água - ele é aplicável p.ex. para frutas e legumes' podendo substituir o brometo de metilo em muitos casos. As duas formulações são oferecidas em diferentes formas e embalagens, como sendo:
· Comprimidos (redondos ou chatos): Cada um pesa 3 g de contem 1 g de PH3. Eles são vendidos em vários tamanhos de embalagens.
· Pastilhas: Elas pesam 0.6 g e contêm 0.2 g de PH3. Elas também são oferecidas em diferentes tamanhos de embalagens.
· Saquinhos (só o fosfuro de alumínio): Eles contêm 34 g de preparação com 11.3 g de PH3. Eles são vendidos à unidade, 4 saquinhos juntos, 10 saquinhos juntos ou como embalagem de 100 saquinhos.
A forma de 4 saquinhos tem sido desenvolvida para ser utilizada no caso de mercadoria a granel. Os 10 saquinhos são apropriados para a utilização na fumigação de pilhas e de espaços, e a embalagem de 100 saquinhos éideal para as fumigações em grande escala.
Os saquinhos já vêm prontos para o uso - nunca abrir antes de usar!
· Placas (só o fosfuro de magnésio): Elas pesam 117 g e contêm 33 g de PH3. Elas são vendidas à unidade ou em tiras de 20 placas.
Todas as formulações de fosfina descritas vêm prontas para o uso.
9.2.1.4 Geração de gás
A fosfina (PH3) é gerada como resultado da acção da temperatura e da humidade (no ar) com o fosfuro sólido de alumínio ou de magnésio.
No caso dos saquinhos de fumigação, o material de embalagem absorve uma parte da humidade atmosférica, o que tem como consequência que a geração de gás não é imediata. Isto deve ser considerado ao determinar a duração da exposição (veja-se secção 9.2.1.5). Aperfeiçoamentos recentes levaram ao desenvolvimento de um produto de descomposição retardada, embalado em saquinhos de polietileno, permeável ao vapor de água e à fosfina,, mas resistente à água líquida.
A geração de gás começa imediatamente depois da abertura do envoltório do fumigatório. Não obstante, as concentrações que podem ser perigosas para o ser humano só podem ser alcançadas depois de uma hora. Este período pode até se prolongar no caso de temperatura e humidade relativa baixas.
A descomposição das formulações de fosfuro não é nunca total. Libera-se aproximadamente só 98% da fosfina durante a fumigação. Os resíduos de pó contêm ainda aproximadamente 2% de fosfuro de alumínio sem reacção (ou 0.2% no caso do fosfuro de magnésio) e devem por isso ser recolhidos depois da fumigação. Os comprimidos e as pastilhas devem pelo tanto ser colocados numa espécie de bandeja ou um suporte similar. Deita-se depois o pó em água com sabão, o que tem o efeito de liberar o gás residual. Isto deveria ser efectuado ao ar livre para evitar a inalação de gás!
Descreve-se a geração da fosfina pelas reacções químicas seguintes:
AIP | + | 3 H2O | => | Al(OH)3 | + | PH3 |
Fosfuro de alumínio | + | Água | => | Resíduos | + | Fosfina |
Mg3P2 | + | 6 H2O | => | 3 Mg(OH)2 | + | 2 PH3 |
Fosfuro de magnésio | + | Água | => | Resíduos | + | Fosfina |
9.2.1.5 Factores determinantes para o sucesso da fumigação
O sucesso da fumigação depende principalmente da dosagem correcta do fumigatório, da observação rigurosa do tempo mínimo de exposição e, sobretudo, da qualidade da estanqueidade.
Doses de aplicação recomendadas
As doses de aplicação recomendadas para a fosfina são as seguintes:
Aplicação | Comprimidos | Pastilhas | Saquinhos |
Fumigação abaixo de lonas | 3 - 6/t ou | 15 - 30/t ou | 1 saco / 2 - 6 t ou |
2 - 4/m³ | 10 - 20/m³ | 1 saco / 1.5 - 4 m³ | |
Fumigação de silos e contentores de fecho hermético | 2 - 5 / t | 10 - 25/ t | 1 saco / 2 - 6 t |
A concentração de gás inicial tem um efeito de anestesia para os insectos antes de matá-los. A redução resultante da actividade respiratória significa também uma redução da ingestão do gás. No caso de que a concentração de gás baixe rapidamente como consequência de uma estanqueidade insuficiente ou de lonas defeituosas, as pragas podem se recuperar depois de um determinado período de tempo sem ter recebido uma dose letal. Uma boa estanqueidade é o elemento mais importante da fumigação, sendo ele que leva ao êxito do tratamento.
Tempo de exposição
O tempo mínimo de exposição depende da temperatura, da humidade relativa, da formulação utilizada, e do facto se existe uma resistência contra a fosfina. Os períodos mínimos seguintes devem ser observados de qualquer modo:
Temperatura do ar | Comprimidos | Pastilhas | Saquinhos |
10 - 15°C | 6 dias | 5 dias | 8 dias |
16 - 25°C | 5 dias | 4 dias | 6 dias |
mais de 25°C | 4 dias | 4 dias | 5 dias |
Com uma humidade relativa inferior a 60%: pelo menos 6 dias
No caso de resistência: pelo menos 3 dias mais em cada caso
No caso de haver ácaros: 10 dias
Quanto menor a temperatura e/ou a humidade relativa, mais lenta a reacção química de gerar fosfina e maior o tempo de exposição requerido. A fumigação é ineficaz se a humidade relativa é inferior a 30% ou se a temperatura é inferior a 5°C.
Em lugares de condições climáticas áridas, pode-se aumentar a humidade relativa debaixo de uma lona colocando taças de água abaixo das paletas ou salpicando água sobre o solo em cima do qual estão colocadas as mesmas. De qualquer maneira, o fumigatório não deve nunca entrar em contacto directo com a água.
Na fumigação pode ser aplicado o principio seguinte: Quanto mais tempo o gás tem para agir, melhor é o resultado. Não obstante, isto exige que o produto armazenado esteja num lugar completamente estanque durante todo o processo de fumigação.
Estanqueidade
Os requisitos prévios mais importantes para o sucesso da fumigação são uma boa qualidade da lona de fumigação e a observação da estanqueidade. Isto garante a manutenção da concentração necessária de gás durante todo o período de exposição.
- Lonas de famigação
A lona de fumigação deve satisfazer critérios bem específicos:
· alta estanqueidade aos gases (inclusive as costuras)
· suficiente resistência à ruptura
· pouco peso
· alta resistência aos raios ultravioletas e às temperaturas extremas
Muitos materiais plásticos não satisfazem estes critérios, devido a que não são suficientemente estanques ao gás, não são resistentes aos danos mecánicos ou são demasiado pesados para a manipulação. É por isso que ao comprar lonas novas de fumigação, deveria-se cuidar que tivessem as seguintes características:
- Estanqueidade ao gás: a taxa de difusão não deve exceder 1 mg PH3 por m² e por dia, e 50 mg CH3Br por m² e por dia.
Se a lona estiver composta de varias peças, deve-se cuidar que elas tenham sido bem soldadas e que as soldaduras presentem reforços nos cantos para evitar uma possível ruptura. Lonas com costuras coladas nem sempre podem resistir às condições climáticas das regiões tropicais. Por outro lado, as lonas cosidas têm o inconveniente de perder gás pelos pontos de costura.
- A resistência à ruptura deve ser de pelo menos 900 N nas duas direcções
- O peso não deve exceder 200 - 250 g/m2
- A resistência aos raios ultravioletas é satisfactória quando o material presenta 3% de estabilidade UV
- Deve-se garantir uma resistência a temperaturas de até 80°C.
Se for possível, deve-se escolher o tamanho da lona de tal maneira que seja possível uma fumigação de uma pilha com uma lona só. Também neste caso, é conveniente ter tamanhos de pilhas estandardizados.
- Cuidado das lonas de fumigação
Uma armazenagem correcta e uma manipulação cuidadosa podem evitar danos e prolongam a vida das lonas de fumigação. Elas deveriam se encontrar dobradas com cuidado e guardadas todas juntas sobre paletas. No caso de que as lonas se encontrem descuidadamente num rincão, pode acontecer que os roedores se instalem nelas e as danifiquem consideravelmente.
Ao colocar as lonas sobre as pilhas, deve-se cuidar de evitar furos e rasgões. Em vez de arrastar as lonas pelo chão ou sobre as paletas, carregue elas! Não pise sobre as lonas ao dobrar as mesmas para evitar que pequenas pedras ou grãos façam furos.
O bom estado das lonas deve ser verificado regularmente. Qualquer furo ou rasgão deve ser reparado imediatamente. Rasgões pequenos podem ser fechados por meio de fitas isolantes sobre os dois lados da lona, sobre rasgões maiores, deve-se colar um pedaço do mesmo material que o da lona. Para isto, deve-se utilizar um adesivo especial.
- Material necessário para obter uma lona de fumigação estanque no solo
Até a melhor das lonas é totalmente ineficiente se a estanqueidade com respeito ao solo não é garantido. A técnica necessária a tal efeito encontra-se descrita na secção 9.2.1.7. 0 melhor método é o de usar serpentes de areia, o que presenta uma série de vantagens:
· alta flexibilidade (boa adaptação ao solo)
· suficientemente moles (evita danos nas lonas)
· suficiente peso (para manter pressionada a lona sobre o solo)
· fácil de produzir
Precisam-se os materiais seguintes para fazer serpentes de areia:
- sacos velhos de graõs, cortados na metade ou em terços no sentido do comprimento, e cosidos nos cantos:
- lonas de fumigação velhas cortadas em pedaços de tamanho adequado e cosidos de maneira a obter uma forma de salsicha
- folhas plásticas tubulares, as quais podem ser compradas ao metro e cortadas de acordo a necessidade. As extremidades podem ser fechadas com um nó ou soldadas.
As serpentes de areia deveriam ter um diâmetro de pelo menos 10 cm e um comprimento de 1 - 1.5 metros. Deve-se encher as mesmas com suficiente areia como para que possam ser dobradas e se adaptar às desiguldades do solo. Nunca encher as serpentes totalmente com areia, sendo rígidas elas não servem ao fim desejado. As serpentes deveriam ser colocadas de tal maneira que fiquem sobrepostas de pelo menos 'h do seu comprimento.
Pedras, paletas, sarrafos ou materiais similares não são adequados devido àfalta de flexibilidade e eles poderiam ocasionar danos às lonas. Não utilizar nunca sacos enchidos com o produto armazenado, ele poderia estar infestado e provocar depois uma reinfestação.
Um outro método para alcançar a estanqueidade é o de utilizar papel e cola. Um requisito prévio para esse tipo de aplicação é um solo liso e bem limpo. A cola é produzida misturando farinha de trigo com água ate obter uma massa espessa. Melhor ainda é cola para papel de parede. Deve-se repartir então uma camada dessa cola nas superfícies aonde vão ser colocadas as lonas sobre o solo. Colocar tiras de papel (p.ex. jornais velhos) de mais ou menos 15 a 20 cm de largura sobre essa camada e cobrir também essas tiras com a cola. Colocar depois a lona ao longo do centro das tiras de papel, cobrir novamente com cola e pôr outra camada de papel em cima. Finalmente, deve-se cobrir a camada de papel superior uma vez mais com cola. Depois da secagem da cola, está pronta a superfície estanque ao gás.
Este método não é apropriado para os ângulos das pilhas aonde se formam dobras. Aqui devem ser utilizadas serpentes de areia.
Aplicação
Já foi mencionado anteriormente que por razões de segurança, os resíduos dos comprimidos, das pastilhas e dos saquinhos devem ser recolhidos depois da fumigação. Isto não é problemático no caso dos saquinhos, mas não é fácil no caso do pó residual dos comprimidas e das pastilhas. Por isso, os comprimidos e as pastilhas devem ser colocados sobre bandejas ou peças de cartão e nunca ser simplesmente colocados sobre as pilhas. As caixas de ovos são uma base ideal, já que possibilitam a colocação de um comprimido em cada segmento.
Colocar as bandejas/os pedaços de cartão ou as caixas de ovos abaixo das paletas ou directamente ao lado da pilha antes de fechar hermeticamente. E aconselhável colocar as pastilhas ou os comprimidos necessários para a fumigação de 500 t de mercadoria sobre seis suportes distribuidos uniformemente.
Devido ao perigo de auto-ignição que pode existir no caso de uma alta concentração de fosfina, deve-se procurar que os comprimidos e as pastilhas não entrem em contacto entre si.
Deve-se dar preferência à utilização de saquinhos em tiras aos individuais. As tiras podem ser fixadas à pilha metendo para dentro o primeiro saquinho entre dois sacos de cereais.
Ao começar a fumigação, a concentração de fosfina no lugar estanque é bem maior b requerida. Pouco a pouco ela desce, ainda quando a estanqueidade tenha sido efectuada de acordo às mais altas normas. Esta observação levou àideia de repartir a quantidade de fumigatório em três doses individuais que devem ser aplicadas respectivamente no primeiro, no segundo e no terceiro dia do processo de fumigação. Nos testes, este método mostrou resultados óptimos. A dificuldade se encontra na forma de proceder, a qual requer um sentido de organização acima da média e condições de segurança perfeitas para as pessoas que efectuam a operação. Não obstante, em presença da situação existente na maioria dos armazéns, parece difícil que as condições sejam oferecidas como para praticar uma tal repartição de doses.
Arejamento
Ao finalizar o processo de fumigação, deve-se cuidar de retirar totalmente o fumigatório do produto armazenado e do armazém por meio de um arejamento consequente antes de poder permitir novamente o acesso geral (veja-se secção 9.3). 0 período mínimo de arejamento para a fosfina é de três horas. No caso de que uma falta dos dispositivos correspondentes não permita um arejamento suficiente, deve-se prever um período de pelo menos seis horas. No caso de não se encontrar à disposição um detector de gás (veja-se secção 9.3), deve-se prever um período de arejamento entre 6 e 12 horas, para evitar qualquer risco.
9.2.1.6 Resistência à fosfina
Uma fumigação correcta permite combater completamente as pragas de armazenagem de maneira que o desenvolvimento de resistência é quase impossível. Não obstante, aplicações incorrectas da fumigação levaram a que exista uma resistência a fosfina alarmantemente grande em todo o mundo e que não deixe de aumentar. A resistência à fosfina foi descoberta pela primeira vez em países nos quais é praticada a fumigação de espaços, mas em armazéns não estanques ao gás.
Hoje já é um facto incostestável que o desenvolvimento da resistência entre as pragas dos produtos armazenados é favorecido especialmente por uma estanqueidade insuficiente e pela perda de gás resultante. Ao descer rapidamente a concentração de gás, as pragas obtêm a possibilidade de sobreviver e de proliferar.
Por isso, deveriam ser tomadas as medidas seguintes:
- Boa higiene e gerência efectiva dos armazéns
- Dosagem e aplicação correctas dos fumigatórios
- Estanqueidade completa do produto armazenado ou do lugar de fumigação
- Observação do tempo de exposição necessário
9.2.1.7 Fumigação de uma pilha de sacos com fosfina
As fumigações só devem ser efectuadas por pessoal devidamente formado. Para cada fumigação deve existir um chefe de equipa que é responsável das operações, desde o começo das preparações ate a liberação do armazém para o acesso geral depois de terminada a aplicação. O chefe da equipa éresponsável pelo sucesso e a seguridade das operações. A fumigação das pilhas de sacos pode ser dividida em 5 etapas:
1. preparações
2. aplicação do fumigatório e trabalhos de estanqueidade
3. controlos durante a fumigação
4. arejamento e liberação do armazém para o acesso geral
5. trabalhos de limpeza
Os regulamentos de precaução (veja-se secção 9.4) e as instruções do fabricante dos fumigatórios devem ser observados durante todo o processo de fumigação.
A seguir, detalhes sobre as 5 etapas já mencionadas.
Preparações
- Informe todas as pessoas que trabalham no armazém e que vivem nos arredores sobre a fumigação iminente!
- Assegure-se que não exista perigo para os vizinhos!
- Limpe o anmazém!
- Mida o comprimento, a largura e a altura da pilha:
Exemplo:
Comprimento | (C) = 6 m |
Largura | (L) = 4 m |
Altura | (A)= 3 m |
- Cálculo do volume da pilha:
C x L x A = 6 m x 4 m x 3 m = 72 m³
- Calcule a quantidade de comprimidos, pastilhas ou saquinhos de acordo àdose de aplicação recomendada, p.ex. 2 comprimidos/m3:
2 comprimidos / m³ x 72 m³ = 144 comprimidos
- Arredonde por excesso ou por defeito de acordo ao tamanho das embalagens para terminar todos os tubos abertos (no caso de 30 comprimidos por tubo, use 5 tubos = 150 comprimidos).
- Verifique possíveis danos nas lonas dobradas!
- Estenda a lona de fumigação sobre a pilha da forma seguinte:
· Coloque a lona dobrada sobre a pilha (1)!
· Desdobre a lona sobre os lados da pilha (2)!
· Estenda a lona sobre a pilha de tal forma que fiquem pelo menos 50 cm de lona no solo de cada lado (3)!
- Ao cobrir a pilha com mais de uma lona:
· Enrole as lonas todas juntas de maneira a que fiquem sobrepostas de pelo menos 50 cm!
· Ajunte o rolo com clips ou com serpentes de areia na parte superior e com fitas adesivas nos lados!
- Deve-se distribuir suficiente quantidade de serpentes de areia ao redor da pilha!
Exemplo:
Circunferência da pilha: 6 m + 4 m + 6 m + 4 m = 20 m
Comprimento total das serpentes de areia requerido: 1.5 x 20 m = 30 m
- Repartir uniformemente os envoltórios do fumigatório ao redor da pilha de maneira que os mesmos fiquem acessíveis, p.ex. 1 tubo com 30 comprimidos perto de cada bandeja, cartão ou outro tipo de suporte
- Ter à disposição uma máscara anti-gás com um filtro novo para um caso de emergência!
Aplicação do famigatório e trabalhos de estanqueidade
- Ao utilizar comprimidos ou pastilhas:
- Abrir os envoltórios, tubos ou frascos um depois do outro e distribuir os comprimidos ou as pastilhas sobre a bandeja ou outro suporte sem que possam ter contacto entre si!
- Levantar um lado da lona e colocar os suportes debaixo das paletas!
No caso de não ter paletas à disposição por alguma razão excepcional, devemse colocar os suportes sobre o solo, perto da pilha.
- Ao utilizar tiras de saquinhos:
- Abrir uma lata depois da outra e fixar a tira de saquinhos a intervalos regulares metendo um saquinho entre dois sacos de cereais (veja-se ilustração em secção 9.2.1.5, Aplicação)!
· Desdobrar com cuidado a lona de fumigação sobre a pilha (1)
· Colocar uma serpente de areia de acordo à ilustração (2)
· Reter as extremidades da lona sobre os lados da pilha (3, 4)
- Assegurar-se que a lona se encontre planamente sobre o solo!
- Distribuir as serpentes de areia sobre a lona, ao redor de toda a pilha, de maneira a que fique sobreposta em 1/4 de seu comprimento!
- Os trabalhos devem ser efectuados de tal maneira que estejam prontos depois de uma hora devido à geração de gás.
- Se a pilha estiver construida sobre uma superfície porosa ou arenosa, devese colocar de entrada uma lona sobre o solo para evitar que o gás escape por ali. Essa lona será fixada a lona que recobre a pilha de acordo ao mencionado na secção sobre as preparações para a fumigação.
- Colocar placas de advertência sobre a pilha e na porta do armazém!
- Fechar o armazém à chave!
Controlos durante a fumigação
- Verificar regularmente a estanqueidade!
- Assegurar-se que não entrem pessoas não autorizadas no armazém durante o período de fumigação!
- Autorizar só os trabalhos mais importantes dentro do armazém e cuidar de um bom arejamento durante os trabalhos! Medir a concentração de gás de vez em quando para evitar riscos ao pessoal (veja-se secção 9.3)!
Arejamento e liberação do armazém para o acesso geral
- Abrir portas e janelas para arejar o armazém!
- Usar uma máscara com um filtro novo (tipo B) para fosfina!
- Retirar as serpentes de areia!
- Levantar a lona nos cantos das pilhas!
- Sair do armazém e arejar durante pelo menos uma hora (quanto mais tempo, melhor)!
- Retirar completamente a lona de fumigação da pilha (usar máscara)!
- Arejar durante pelo menos duas horas mais (quanto mais tempo, melhor)!
- Usando máscara, medir a concentração de fosfina (veja-se secção 9.3) dentro do armazém e liberar o lugar para o acesso geral no caso que o valor seja menor de 0.1 ppm, ou continuar com o arejamento se a concentração se encontrar em cima desse valor!
Trabalhos de limpeza
- Recolher os resíduos dos comprimidos, das pastilhas ou dos saquinhos!
- Verter os resíduos em pó dos comprimidos e pastilha dentro de água com sabão e cuidar de não inalar o gás!
- Enxaguar os contentores vazios dos fosfuros (latas, tubos, garrafas) com água, destruir e enterrar os mesmos para evitar a reutilização!
- Enterrar os saquinhos ou as tiras do fumigatório utilizado!
- Verificar possíveis danos na lona e reparar se for necessário!
- Dobrar a lona correctamente!
- Guardar a lona dobrada sobre uma paleta!
- Retirar as placas de advertência das portas!
9.2.1.8 Fumigaçáo de sílos utilizando fosfina
O melhor momento para a fumigação dos silos é durante o enchimento. Devese cuidar de fechar hermeticamente todas as aberturas utilizando folhas plásticas ou papel de parede fixado com cola, ou com outras coberturas impermeáveis. Adiciona-se a intervalos regulares o fumigatório àmercadoria que vai passando pela cinta transportadora, ou lança-se dentro do silo por um postigo durante o enchimento. A adição é efectuada de acordo àquantidade de grão que vai entrando.
Exemplo:
Um silo com uma capacidade de 500 toneladas deve ser enchido completamente. Isto é efectuado com uma velocidade de 20 t/h. No caso de uma dosagem de 3 comprimidos/t, devem-se adicionar 60 comprimidos por hora. Para alcançar uma distribuição óptima do gás, recomenda-se adicionar 5 comprimidos todos os cinco minutos. No caso de ter à disposição um distribuidor automático, deverá este ser colocado a 1 comprimido por minuto. Existem distribuidores automáticos para comprimidos e pastilhas.
Devido a que o enchimento de um silo leva um tempo considerável, existe perigo para o pessoal devido à geração de gás. Por isso, é muito importante o uso da máscara de gás durante uma aplicação manual do fumigatório.
No caso de que o silo não se encontre enchido completamente, deve-se aplicar o fumigatório de acordo à capacidade de silo restante (volume em m³).
Os resíduos do fumigatório devem ser retirados do produto armazenado antes de ser transportado:
· Os saquinhos são recolhidos no lugar de saída dos grãos por meio de um crivo de malhas grossas.
· Resíduos de comprimidos e pastilhas são retirados usando um aspirador.
9.2.1.9 Fumigação com fosfina da mercadoria a granel
A mercadoria a granel também pode ser tratada abaixo de uma lona de fumigação. A fumigação deveria ser efectuada de acordo às instruções mencionadas na secção 9.2.1.7.
Se a altura da pilha de mercadoria a granel não sobrepassa os 2 metros, podem ser distribuidos comprimidos, pastilhas (sobre uma bandeja ou similar) ou saquinhos sobre a pilha a intervalos regulares, os quais poderão ser recolhidos depois da fumigação. Os saquinhos em rolo são muito apropriados para este propósito (1 rolo para cada 100 - 300 t).
Se a altura da pilha de mercadoria a granel sobrepassa os 2 metros, devem ser introduzidos a intervalos regulares comprimidos, pastilhas ou saquinhos dentro do produto. Isto requer uma preparação cuidadosa e uma boa equipa, já que não deve passar mais de uma hora entre o momento da abertura do primeiro envoltório com fumigatório e a finalização dos trabalhos de estanqueidade.
Os resíduos só podem ser retirados nesse caso por meio de uma limpeza mecánica da mercadoria antes da sua expedição (veja-se secção 9.2.1.8).
9.2.2 Brometo de metilo
Desde o inicio do ano 1995, a utilização do brometo de metilo tem sido restrita considerávelmente nos países industrializados devido a seu potencial de destruição do ozono e os riscos de cancro. As perspectivas da utilização deste fumigatório no futuro parecem muito limitadas. Nos países industrializados, espera-se uma interdição geral para o ano 2010. Devido a que os únicos campos de aplicação no futuro mais cercano parecem ser a quarentena e a fumigação antes do embarque, decidimos encurtar a secção sobre a fumigação com brometo de metilo neste manual. Espera-se para o futuro próximo uma tolerância nula nos países industrializados em relação aos resíduos desse produto. Por esse motivo a GTZ apoia os países em vias de desenvolvimento na introdução de alternativas por meio de material de extensão rural e medidas complementares correspondentes. Na última página deste livro, encontram-se informações sobre esta oferta da GTZ.
9.2.2.1 Propriedades
- Excelente penetração no produto armazenado
- Acção rápida
- O brometo de metilo se volatiliza de maneira relativamente rápida sob o efeito do arejamento
- Não é nem inflamável, nem explosivo
- É líquido a temperaturas menores de 4°C e pressão atmosférica normal
- O brometo de metilo se deposita devido a que é três vezes mais pesado que o ar
- Existe a possibilidade de uma redução da faculdade de germinação, particularmente em sementes com alto teor em humidade
- O brometo de metilo pode deixar resíduos, particularmente nos produtos armazenados que contêm gorduras, podendo alterar o seu cheiro. Por essa razão, o produto armazenado com um alto teor em lipídios só poderá ser fumigado uma vez com brometo de metilo.
9.2.2.2 Toxicidade
- O brometo de metilo é efectivo contra os insectos em todos os seus estádios de desenvolvimento.
- O brometo de metilo é altamente tóxico para os animais de sangue quente e, consequentemente, muito nocivo para o ser humano. Ele pode ser absorvido tanto pelas vias respiratórias como pela pele. Por isso, éabsolutamente necessário usar roupa de protecção ao tratar com este fumigatório.
- Uma ingestão repetida de brometo de metilo, mesmo em pequenas quantidades, leva a uma acumulação do mesmo e, finalmente, a um envenenamento crónico que pode até levar à morte.
Ao fumigar com brometo de metilo, é absolutamente necessário que os trabalhos sejam efectuados por pessoal devidamente formado e responsável. Uma aplicação incorrecta é extremadamente perigosa tanto para o usuário como para as pessoas que se encontram na proximidade.
9.2.2.3 Formas de apresentação
O brometo de metílo é vendido em recipientes cilíndricos de aço de diferentes tamanhos e em latas. A escolha da embalagem depende da quantidade necessária.
9.2.2.4 Geração de gás
O brometo de metilo forma gases a partir de temperaturas de mais de 4°C, mas ele pode ser mantido no estado liquido ficando sob pressão em cilindros de gás, similar ao butano e propano. Ao abrir a válvula, o brometo de metilo éliberado, volatilizando-se no ar e ficando efectivo como fumigatório. Éimportante de ter suficiente espaço à disposição para permitir uma repartição do gás e evitar uma condensação do brometo de metilo.
9.2.2.5 Factores determinantes para o sucesso da fumigação
Os trabalhos de estanqueidade, de controlo e precaução durante a fumigação, de arejamento, de liberação do armazém e de limpeza, são os mesmos que os válidos para a fumigação com fosfina (veja-se secção 9.2.1.7). As únicas diferenças residem ao nível das preparações (cálculo da quantidade de gás necessária), e na aplicação.
Doses de aplicação recomendadas
A dose de aplicação recomendada na fumigação de grãos em pilhas de sacos e debaixo de uma lona, é de 20 - 40 g/m3.
O respeito da dose de aplicação recomendada é essencial. O êxito do tratamento é insuficiente no caso de uma dose muito baixa. Além disso, existe o perigo do desenvolvimento de resistências. Ao poder garantir que o produto se encontra correctamente coberto e é estanque, a dose recomendada será totalmente suficiente. No caso de um excesso da quantidade de brometo de metilo, pode-se sobrepassar o limite máximo de resíduos.
A fumigação efectiva de silos exige imperativamente dispositivos para a recirculação do gás para evitar o depôsito do mesmo no fundo do silo.
Tempo de exposição
O brometo de metilo age mais rapidamente que a fosfina. O tempo de exposição e geralmente 24 horas. Devido ao perigo de que fiquem resíduos do brometo no produto fumigado, não deveria nunca ser excedido este período.
Qualidade da estanqueidade
Os critérios aplicáveis para a estanqueidade são os mesmos que os válidos para a fosfina (veja-se secção 9.2.1.5).
Aplicação
Deve-se usar uma máscara integral com um novo tipo de filtro respiratório AX (anel castanho)! Contrariamente à aplicação da fosfina, é indispensável a utilização desta máscara ao tratar com brometo de metilo.
A aplicação do brometo de metilo a partir dos cilindros de aço, é efectuada por meio de tubos de polietileno com um bico na extremidade. Os simples tubos de cauchu não são apropriados para tal utilização. O mais conveniente são sistemas de tubos com diferentes saidas, sendo possível assim a aplicação do fumigatório em mais de um ponto ao mesmo tempo. Deveria se encontrar um ponto de aplicação para cada 9 m² de superfície de pilha. Os bicos deveriam se encontrar mais ou menos a 3 m um do outro e pelo menos a 1.5 a 2 m dos contomos da pilha. Para obter aproximadamente a mesma pressão sobre todos os bicos, devem-se encontrar as extremidades de todas as ramificações do sistema a distancias iguais do cilindro.
O brometo de metilo vai se depositar no fundo da pilha por ser mais pesado que o ar. Por isso, a aplicação deve ser começada na parte mais alta da pilha para permitir a penetração dentro do produto. Para prevenir qualquer tipo de condensação do gás (devido ao esfriamento resultante da evaporação do brometo de metilo), deve-se modificar o empilhamento dos sacos das camadas superiores para criar condutos de ar (uma cavidade para cada bico). Isto permite um intercâmbio rápido do ar e do calor. Para evitar que o brometo de metilo se derrame sobre o produto armazenado, deveriam-se colocar lonas ou sacos vazios ao longo dos condutos.
Pode-se controlar a dosagem observando o peso do cilindro durante a aplicação. A tal efeito, o cilindro deve ser colocado sobre uma balança.
Por razões de segurança, a aplicação não deve durar mais de 10 a 15 minutos. Isto exige uma preparação e uma organização perfeitas antes de começar com a operação.
Arejamento
O período de arejamento mínimo para o brometo de metilo é de aproximadamente 6 horas. Em lugares difíceis de arejar, deve-se prolongar o período a pelo menos 12 horas.